Texto: A Raposa e a Cegonha

A RAPOSA E A CEGONHA

Uma Raposa, que se julgava muito esperta, encontrando-se com uma Cegonha disse-lhe:

___ Devo-lhe muitas obrigações, comadre, e quero agradecer-lhe oferecendo-lhe um jantar.

A Cegonha aceitou o convite e preparou-se para o banquete.

No dia aprazado, ao entrar na casa da amiga, sentiu o cheiro agradável da comida e ficou de apetite aguçado, á espera do momento de saborear os deliciosos manjares.

Contudo, o jantar constava apenas de um cheiroso caldo engrossado com farinha de milho. Maldosamente, a Raposa serviu-o em um prato raso. Por mais que a cegonha tentasse, não pode tomá-lo. Com seu bico comprido e agudo, bicava o prato, sem nada conseguir. Enquanto isso, a Raposa lambeu-o com prazer.

A Cegonha não se queixou. Muito cortesmente, disse a comadre:

___ Quero retribuir-lhe o convite. Daqui a oito dias, espero-a em minha casa para almoçar. A Raposa, que era muito gulosa, respondeu:

___ Muito obrigada! Lá estarei sem falta!

No dia combinado, a Cegonha serviu suculenta carne desfiada em um vaso de gargalo longo e fino. A Raposa não conseguia enfiar nele o focinho, enquanto a Cegonha arrancava, em sucessiva bicada, grandes porções do alimento.

A princípio, a Raposa ficou zangada, mais se lembrou de que não poderia reclamar. Preferiu levar o caso como brincadeira e foi-se embora em jejum. Verificou, então, que não se deve fazer aos outros o que não deseja para si.